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O MANDARIM

 

amor-perfeito, a agua-furtada da loura costureira. O assassino é um philantropo! Deixe-me resumir, Theodoro: a morte d’esse velho Mandarim idiota traz-lhe á algibeira alguns milhares de contos. Póde desde esse momento dar pontapés nos poderes publicos: medite na intensidade d’este gozo! É desde logo citado nos jornaes: reveja-se n’esse maximo da gloria humana! E agora note: é só agarrar a campainha, e fazer ti-li-tim. Eu não sou um barbaro: comprehendo a repugnancia d’um gentleman em assassinar um contemporaneo: o espirrar do sangue suja vergonhosamente os punhos, e é repulsivo o agonisar d’um corpo humano. Mas aqui, nenhum d’esses espectaculos torpes... É como quem chama um criado... E são cento e cinco ou cento e seis mil contos; não me lembro, mas tenho-o nos meus aponta-