Página:O mandarim (1889).djvu/59

Wikisource, a biblioteca livre
O MANDARIM
47

 

Ah, que dia! Jantei n’um gabinete do Hotel Central, solitario e egoista, com a mesa alastrada de Bordeus, Borgonha, Champagne, Rheno, licôres de todas as communidades religiosas — como para matar uma sêde de trinta annos! Mas só me fartei de Collares. Depois, cambaleando, arrastei-me para o Lupanar! Que noite! A alvorada clareou por traz das persianas; e achei-me estatelado no tapete, exhausto e semi-nú, sentindo o corpo e a alma como esvaírem-se, dissolverem-se n’aquelle ambiente abafado onde errava um cheiro de pó d’arroz, de fêmea e de punch...

Quando voltei á travessa da Conceição, as janellas do meu quarto estavam fechadas, e a véla expirava, com fogachos lividos, no castiçal de latão. Então, ao chegar junto á cama, vi isto: estirada de través, sobre a coberta, jazia uma fi-