Saltar para o conteúdo

Página:O mandarim (1889).djvu/96

Wikisource, a biblioteca livre
84
O MANDARIM

 

recia erguer-se até aos céos com o horror d’uma construcção biblica: á sua base apinhava-se uma confusão de barracas, feira exotica, onde rumorejava uma multidão, e a luz de lanternas oscilantes cortava já o crepusculo de vagas manchas côr de sangue; os toldos brancos faziam ao pé do negro muro como um bando de borboletas pousadas.

Senti-me triste; subi á liteira, cerrei as cortinas de sêda escarlate todas bordadas a oiro; e cercado dos cossacos, eis-me entrando a velha Pekin, por essa porta babelica, na turba tumultuosa, entre carretas, cadeirinhas de xarão, cavalleiros mongolicos armados de flechas, bonzos de tunica alvejante marchando um a um, e longas filas de lentos dromedarios balançando a sua carga em cadencia...