Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/120

Wikisource, a biblioteca livre

de cangalhas que estavam amontoados a um canto da casa.

— Tudo isso pertence a Benedicto. Não me deixem uma só esteira, nem um só cesto; levem tudo. Vendam, dêem, façam deles o que quiserem. Está completo o castigo de Lourenço. Com o seu próprio trabalho remiu ele a sua culpa.

Lourenço que assistiu à solene entrega desses objetos, filhos das suas mãos, viu com lagrimas nos olhos eles passarem do seu poder para o daquele cuja vida pusera em perigo, e a quem dera tanto que padecer.

Mas nada disse. Os olhos baixos, o semblante abatido, o coração abalado, compreendeu, do modo mais natural e positivo, que todo mal que praticasse dali por diante a outrem, seria praticado consigo próprio, não resultando em ofensa a sua pessoa, mas privando-o do resultado de sua atividade, que fosse necessário à respectiva indenização.

Nunca ele tinha compreendido tão bem, como nesse momento, que o homem que menos mal faz, é o que está menos sujeito ao mal.

Quando os pretos saíram satisfeitos e agradecidos, Marcelina dirigiu estas palavras ao filho: