Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/121

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— Estás vendo, Lourenço? Trabalhaste dois meses inteiros para um moleque cativo.

— Foi porque vosmecê quis — disse ele, despeitado.

— Não, foi porque assim devia ser. De ninguém te deves queixar senão de teu mau natural, de ti mesmo. Deus queira que esta lição te aproveite. Lá se foi grande parte das tuas economias. Ficaste mais longe do que estiveste de poderes comprar um engenho.

Lourenço respondeu:

— Trabalharei de dia e de noite, e em pouco tempo hei de recuperar o que perdi. Vosmecê há de ver.

— Deus permita que isto aconteça.

Nesse momento entrou o padre Antônio, a quem os negros tinham contado o que pouco antes se dera.

Venho dar-te os parabéns, Marcelina, pelo modo como castigaste teu filho. Aprovo muito esta teoria. A pena de detenção corporal, quero dizer a prisão, não repara o mal que vem do crime. Traz um constrangimento, um sofrimento físico ao delinqüente, mas é estéril, sem resultado. Com excepção do crime de morte, o qual nem pela pena de morte se pode reparar, todos os mais crimes podem