Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/158

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morte à mulher um nome honrado e ilustre, herança que esta transmitiu mais aumentada, porém ainda muito menos brilhante do que a recebera, à sua filha.

Dos cinco anos até casar-se pode dizer que a jovem senhora viveu à sombra do rico fidalgo, pai do João e de Amador, de quem oportunamente se tratará. Por esse tempo João da Cunha já tinha contraído o seu primeiro casamento. Enviuvando anos depois, contraiu o segundo com d. Damiana, que, já se achando presa à família pela gratidão que lhe devia, entrava agora em suas relações intimas e começava a fazer parte dela por laços mais perduráveis.

O senhor de engenho achou em d. Damiana afeições duplas — as de esposa e as de filha. Sua mulher, que já tinha para ele respeito, votava-lhe agora estima conjugal, que trouxe ao senhor de engenho uma reprodução da felicidade que gozara na constância do primeiro matrimonio.

Quando d. Damiana punha sobre ele seus grandes olhos negros e ternos, João da Cunha sentia no intrínseco de sua alma uma impressão de brandura, que era talvez o reflexo da benevolência da esposa penetrando na dureza