Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/178

Wikisource, a biblioteca livre

— Acho muito acertado este ultimo alvitre, indicado por Felipe — disse Cosme Bezerra.

— Pois bem, disse João da Cunha. Seja este o nosso primeiro passo.

A sala em que se achavam conferenciando sobre o grave assunto os principais vultos da nobreza de Goiana, tinha janelas que caiam sobre o pomar. Distante deste algumas braças passava o rio, aquela noite aumentado pelas chuvas dos dias anteriores. De seu natural escasso, volvia agora barrentas e volumosas águas que estavam lavando as estivas das toscas pontes que o atravessavam.

Mal acabara de falar Cosme Bezerra, quando chegou à sala o ruído que produziam as águas cortadas por um cavaleiro.

Em qualquer engenho nada é mais natural do que semelhantes rumores. Fosse porém porque se achavam sobreexcitados os espíritos pelo objeto da conversação, fosse porque o rumor tinha o quer que era particular e estranho, o certo é que João da Cunha julgou prudente chegar à janela, a fim de saber quem era que o produzia.

Ao clarão das fogueiras, de que a esse tempo já se atiravam aos ares longas línguas de fogo, reconheceu ele quem chegava.