Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/199

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em tempo que ninguém fazia caso deles. Buscando meios de poder acomodar-se, fez em Goiana assento de feitor, por seu salário em casa do sargento-mór Matias Vidal, a fim de no serviço dirigir os negros; mas estes, conspirando-se contra ele em certo dia, lhe deram uma pista de pancadas que na etiópica língua chamam Tunda, e o lugar onde lhe deram chama-se Cumbe. Como se fez o caso publico, por antonosia lhe chamavam o Tunda-Cumbe, e sendo por este nome de todos conhecido, como quem faz do sambenito gala, quis do modo como era apelidado, apelidar-se. Daí se foi para a freguesia da Várzea, e nela esteve com o mesmo exercício de feitor do Capitão Lourenço do Cunha Moreno, e depois tornou para Goiana, e se fez almocreve de peixe, indo, com uma besta, a buscá-lo pelas praias, e pelas portas dos moradores a vendê-lo: nesta ordem de vida se manteve até que sucedeu o levante do Recife, em que tomou parte, que veremos.”

— Então, menino cantador, disse o Tunda-Cumbe a Lourenço, com entono e arrogância mais de quem agredia, do que perguntava — será certo que você está apaixonado pela