Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/253

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Posto que, como meio de levantar a gentalha a seu favor, os mascates fizeram publicar que a sua causa era a da liberdade e da igualdade do povo contra a tirania constituída e os privilégios antigos da nobreza, meio a que deveram a maior parte dos auxílios dos naturais da terra, Manoel do Ó, que não era tolo, convidado por Maia a aderir aos motins, escusou-se, dizendo que nada tinha nem com os nobres, nem com os mascates, visto que era ele, como todos os seus, mecânico, plebeu e homem de cor.

Tanto bastou para excitar o desagrado dos insurgentes, dos quais foram, dentro em pouco, tão positivas e repetidas as hostilidades e arrogancias contra Manoel do Ó, que, ofendido este, ao principio simplesmente no seu melindre de família, e por derradeiro na própria pessoa de um filho, certo dia, de um genro daí a pouco, e de um neto semanas depois, resolveu declarar-se pela causa dos nobres; e uma das tentativas de Maia para fazer junção em Goianinha com o bando do Tunda-Cumbe, a fim de se dirigirem ao Recife, foi frustrada por Manoel com sua companhia de filhos, mais ou menos ligados com ele