Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/261

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tem bens de seus. Agora, quando a conta está bem aumentada, tomam tudo pela justiça, e ficam donos de casas, escravos e fazendas do dia para noite. Se isto é ser bom, o inimigo leve esta bondade para si, que eu não a quero nem de graça, quanto mais à custa do meu roçado, do meu cavalo e da minha casinha.

Tendo dito estas palavras, Francisco, chegou a espora que trazia no pé direito à barriga do castanho e virou para o Recife. Não pode, porém, avançar muitos passos, porque Gil, pondo as pernas à sua cavalgadura, tomou-lhe logo o caminho.

— Para onde vai? Venha cá. Estamos de acordo, e podemos ir juntos até Goiana. Você é muito desconfiado, camarada, disse em tom de quem gracejava.

— Não me fiz por minhas mãos, respondeu Francisco. Foi assim que nasci da barriga de minha mãe.

— Mas não tem que desconfiar de mim.

— Meu senhor, a gente vê cara e não vê coração. Eu sei lá se vosmecê vem contra os mascates ou pelos mascates...

— Pois você não está vendo a tropa?

— Que tem a tropa? Não podia ser deles?