Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/274

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O matuto, quase a queimar-se nos barrotes e caibros que ainda ardiam por entre o barro caído das paredes, revolvia com um ferro de cova, semelhando visão fantástica, os paus e a terra abrasada. Ouvindo a voz de Gil, respondeu:

— Estou desgraçado, seu comandante. Puseram-me fogo na casa, como vê. Mas o que me aterra é pensar que podem estar debaixo destes torrões minha mulher e meu filho queimados!

— Não há de ser assim, Francisco.

— Marcelina! Lourenço! Exclamava de momento a momento o matuto, cavando e revolvendo sempre os entulhos eriçados de lascas, algumas flamejantes, muitas reduzidas a carvão. Ninguém me responde, comandante. morreram todos! Morreram! Estou sem mulher, sem filho, sem casa. Só me deixaram a miséria e o luto.

As feições do matuto mostravam-se desfiguradas. Por cima de suas faces de quarenta anos, que há pouco pareciam de trinta, porque as refrescava o reflexo do jubilo intimo, obra da esperança que lhe assegurava veria ele com brevidade os entes prediletos de sua alma, escorriam agora lagrimas lentas, e nelas