Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/279

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— A liberdade é boa coisa, e eu a não engeito, assim ela venha, respondeu Germano. Mas se os outros parceiros não quiserem aceitar a proposta, e meu senhor vier a saber que eu é que andei nisso, quem me livrará de ir ao carro ou à fornalha?

— És um pateta, moleque, disse Pedro de Lima. De hoje até amanhã hei de dar no engenho de teu senhor. Se acontecer o que eu cá espero, amanhã de manhãzinha o chumbo assobia nas urupemas de sua casa e a faca trabalha nas banhas da barriga dele. Se os negros que ele lá tem consigo prontos para dar e apanhar, faltarem na hora do apuro, não haverá santos que o livrem de ir direitinho para a bagaceira, servir de pasto aos urubus.

— Mas aí é que está a historia, observou Germano. Eu sei lá se eles querem faltar ou não?

— Negros safados são todos vocês. Não prestam nem para tratar de libertar-se. Não sabem nem ao menos deixar a senzala, onde andam curtidos de fome e sono, pela mata virgem. Negros de patente eram os dos Palmares. Aqueles sim. Foram quarenta os que primeiro meteram a cabeça no mato; daí a