Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/281

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Tem medo do bacalhau — disse o cabra despeitado. Não tem agora medo de minha faca, ou do bacamarte de Gonçalo Ferreira. Eu só digo uma coisa: encontrando-te diante de mim, no momento do ataque há de ser para ti a minha primeira facada ou o meu primeiro tiro.

— Não se zangue comigo, seu Pedro de Lima, disse Germano com certa expressão e revirado de olhos, para dar a entender ao mulato que ele tinha intenção reservada. Pois se eu visse Germano metido na dança, eu também me metia nela, disse Moçambique.

— Estás ouvindo? Olha lá o que perdemos. Eu porém não quero que ninguém me acompanhe contra a vontade. Nunca pensei que não aceitasses a minha proposta. Quando te vi passar de tarde para esta banda, eu logo conheci que vinhas ao sitio das carvoeiras, e disse comigo: ‘Vou falar com Germano para ver se ele quer, a troco da sua liberdade, prestar-nos um servicinho. Eu estava na mente de que havia de te chamar para nós; mas, como não queres, nem por isso te farei mal. O que eu disse há pouco foi gracejo. De ti, pobre negro cativo, o