Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/282

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que eu tenho não é ódio, é pena. E adeus. Perdi meu tempo e minhas razões. De outra feita talvez a coisa já não seja assim’.

— Eu também me vou embora, que já é tarde; disse Germano. Adeus, tio Moçambique. Com Deus amanheça, tia Quiteria.

— Vai-te embora daí que tu não prestas senão para chotear de jaqueta de galão atrás de teu senhor, abrir-lhe as porteiras para ele passar, e limpar as botas dele quando vêm cheias de lama — respondeu Moçambique.

— Você também de que serve? Perguntou Germano despeitado. Não é também escravo dele, como eu sou? Não é mais que a gente se levantar contra seu senhor! Mestre Moçambique, sabe que mais? Vá contar a outro as suas valentias, que eu nelas não creio, e tanto caso faço delas como dos latidos de cachorro velho, carregado de rabuje, que já não morde, porque nem dentes tem.

— Está bom, está bom, vai-te embora, meu pimpão — disse o Moçambique. Amanhã, tu me dirás quem é o cachorro velho que não morde. Talvez que a esta hora tu estejas na ponta da faca de Pedro de Lima, e eu na mata virgem.