Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/290

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estou arrependido; e posso jurar que não cumprirei a promessa que fiz a seu Pedro.

— Estarás tu dizendo a verdade, Germano?

— Eu sou negro, sinhá Marcelina, mas não minto. Pode vosmecê crer que estou muito arrependido da minha ruim ação. Só uma coisa lhe peço: é que não vá dizer isso à minha senhora.

— Se eu quisesse fazer mal, já tinha corrido para lá a meter-lhe tudo no ouvido. Mas tu sabes que eu tenho bom coração. Antes quis aconselhar-te do que fazer-te a cama, mesmo porque esperava que mudasses de parecer. Tu estás muito moço; não te apresses que hás de Ter a tua liberdade, não pela mão de Pedro de Lima, ou do Tunda-Cumbe, mas pela mão de teu senhor mesmo. Vai-te embora descansado, que nada por minha boca se há de saber do que temos conversado. Pela boca de Pedro de Lima é que eu não respondo.

O negro levantou o saco, pô-lo novamente no ombro, e disse:

— Pela boca dele, sinhá Marcelina, respondo eu. o que ele acaba de fazer comigo, há de pagar-me com língua de palmo e meio.