Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/292

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de pé, com as mãos sobre o espeque onde descansava a porta da janelinha, quando estava aberta, esperava impaciente que o sacerdote quebrasse os selos do mistério que o levava ali.

— Venho pedir-te um serviço que, na ausência de teu pai, só tu me poderás prestar, Lourenço.

— Vosmecê não pede, manda, seu padre, respondeu o rapaz.

— Como tenho de fazer uma viagem esta madrugada para fora de Goiana, quero que vás agora mesmo ajudar o José a arrumar as minhas malas. Olha. Põe tudo o que é meu dentro delas. Deixa só o que absolutamente não puder ir.

— Se vosmecê quer, vou eu, disse Marcelina. Lourenço não sabe fazer bem estas coisas.

— Sabe, sabe, respondeu o padre. Demais eu tenho que te falar. Vai, Lourenço.

Quando se acharam sós o padre Antonio e Marcelina, disse aquele a esta:

— Marcelina, venho fazer-te uma confissão tão verdadeira e sincera como se a fizesse a um padre do Senhor.

— Uma confissão! Quem sou eu para merecer tanta honra e confiança?

— O que tu és, bem o sei eu. Tu és