Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/295

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amanhã. Neste sentido recebi, à entrada da noite, nova carta de frei José de Monte Carmelo, que Antonio Coelho me mandou trazer por Pedro de Lima. entre as três e as quatro horas da madrugada hão de estar por aqui os meus companheiros de jornada à Paraíba. Oh, que colisão cruel, Marcelina?

— E seu padre vai fazer este serviço aos mascates? Perguntou a cabocla.

— Eu deixo o Cajueiro, mas, aqui em particular, que ninguém nos ouça, devo dizer-te: não vou nem para Paraíba, nem para Goianinha. Vou para... Nem sei para onde vou eu. Vou fugindo de mascates e de nobres.

— Mas, meu Deus, como há de ser isso? Pois vosmecê nos deixa assim?

— Nem uns nem outros têm razão, Marcelina. São exagerados ambos em suas paixões. Cegou-os a vaidade, o interesse, o capricho condenável. Deviam estimar-se e auxiliar-se mutuamente como dantes; mas não; hostilizam-se, como se fossem dois povos bárbaros e inimigos, como se não tivessem laços comuns — a mesma nacionalidade, a mesma religião, a mesma língua, as mesmas leis. Porque é que brigam eles? Por um pedacinho de governo?