Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/296

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Por uns vinténs de mais ou de menos? Por uma vila? Mas em uma terra imensa, como esta, que ainda por muitos séculos há de ser um mundo universo, onde poderão aposentar-se todas as nações da Europa, brigar por uma vila, por um engenho, um armazém, uma loja, um assento no senado da câmara, é dar testemunho de ter o entendimento obscurecido pelas trevas da ignorância ou da loucura. Querem destruir-se os dois loucos? Pois destruam-se, como querem; eu é que não hei de ir meter-me entre eles dois. Ambos são meus irmãos; mas como não posso nem mesmo com um só deles, quanto mais com ambos juntos? O recurso que tenho é deixá-los pegados até que, pela dor física, pelo sangue derramado, pela fome criem ambos medo à luta e volte um para a loja e o outro para o engenho a tratar, já com as paixões castigadas e o juízo claro, dos seus interesses particulares. O padre inclinou a cabeça, como quem meditava, e, passado um momento, voltando-se para Marcelina, disse-lhe com evidente desprazer e tristeza:

— Vou passar ao segundo ponto de minha confissão.

— Seu padre pode falar, que eu estou