Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/393

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novo e singular. Cada uma das mulheres que ai se achavam — eram oito, a saber d. Damiana, Marcelina e seis mulatas escravas — mostrava-se aparelhada para travar a luta homérica. A capitoa era a mulher do sargento-mór. Seu espirito belicoso tinha-se comunicado a todas as outras, excetuada Gertrudes, velha que a amamentara e que a um canto da sala tremia de medo. Sobre os bufetes, as mesas, os estrados viam-se açafates cheios de cartuchos, obra das suas mãos e das de algumas de suas mucamas durante os dias e as noites anteriores.

— Que é isto, senhora? perguntou o sargento-mór à sua mulher, tanto que seus olhos leram na face dela a expressão da energia intima, reflexo do seu sangue e do seu orgulho.

— De que vos admirais? Mandei trazer para a sala as armas e munições que estavam nas camarinhas. Será ainda cedo para aparecerem?

—Cedo não é, disse o sargento-mór. Mas é que em mãos de uma dama e de escravas elas se me afiguram postas com muita antecipação. Em ocasiões como esta, e em havendo ainda homens, as mulheres não devem usar outras armas que os seus rosários.

— Tem vosmecê razão, seu sargento-mór,