Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/394

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disse a velha. Eu cá por mim não posso entender-me com armas de fogo. As minhas armas são d’água — são as lagrimas. As de fogo, quando alguma vez as tenho, como agora debaixo das mãos, já me parece que vão estourar e despedaçar-me.

Gertrudes tinha de feito nesse momento a mão posta sobre o cano de um mosquete, que estava a seu lado sobre o estrado. Mal acabara de falar, um estrepito estranho e inesperado rebentou perto dela. A anciã recuou espavorida. Pareceu-lhe que se confirmava seu receio. Dera causa ao ruído uma bala inimiga que, batendo no espelho da sala, o pusera em farelos.

— Credo! Virgem santíssima! Exclamaram quase ao mesmo tempo as mulheres.

D. Damiana tinha corrido para junto do marido, como quem queria defendê-lo.

—Correis aqui perigo de vida, disse Felipe Cavalcanti. O meu parecer é que vos retireis ao interior da casa, onde estareis mais resguardadas das balas perdidas. Ide aí encomendar nossas vidas a Deus, e pedir para as nossas armas a vitoria.

A senhora-de-engenho não quis parecer obstinada. Deu o andar para dentro com sua