Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/406

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Nesse momento Roberto apareceu no armazém.

— Pólvora, senhor, queremos pólvora — disse ele. acabaram-se todas as munições que havia lá em cima. E que fazem os inimigos? Interrogou Filipe Cavalcanti.

— Avançam, respondeu Roberto. Estão já batendo nas portas. Pólvora, Germano! Gritou o sargento-mór. E uma idéia sinistra, semelhante à sombra do inferno, atravessou seu espirito atribulado. — Se Moçambique molhou a pólvora, que será de nós?- pensou ele.

Germano corre ao barril que primeiro se lhe mostra. O sargento-mór, sobressaltado, impaciente por saber imediatamente a sorte que lhe estava reservada naquele tremendo apuro, correu após o moleque. Germano para diante do barril, abre-o com arrebatamento nervoso, e voltando-se imediatamente ao sargento-mór que tinha os olhos postos nele, exclama:

— A pólvora está molhada, senhor!

— Molhada! Molhada! Exclamam quatro vezes ao mesmo tempo, quatro vozes que se confundiram na mesma angustia, e que pareciam