Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/448

Wikisource, a biblioteca livre

perigos que vos ameaçam, pensaremos então com serenidade sobre esse objeto.

— Que estais dizendo? tornou d. Damiana, mais pálida, e porventura mais abalada do que estava antes.

Talvez só nesse momento a sua desgraça se lhe desenhou tal qual era na imaginação, até então tolhida e obscurecida pelo terror que, por mais próximo da morte, devera ser maior e mais intenso.

— Tencionais então levar-me para fora de Goiana? perguntou ela, com tremula e quase chorosa voz.

— Certamente, minha senhora, certamente. Goiana neste momento tem para vós sentimentos de madrasta, não de mãe. Não ouvis aqueles tiros, aqueles ruídos sinistros, aquele vozear confuso e medonho? Eles indicam que o povo é o triunfador, que os mascates estão senhores da vila...

— Já sei, já sei tudo isto — interrompeu ela freneticamente.

— Pois bem. O povo é exigente, e vinga-se neste momento dos nobres. Vosso marido, senhora minha, deve já ter acabado às mãos dos populares.