Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/464

Wikisource, a biblioteca livre

— Oh meu Deus! Não vejo ninguém. Onde se meteu esse povo? Nem morador nem negro do engenho! Parece que todos fugiram para o mato com medo dos ladrões.

Estas palavras escaparam dos lábios de Lourenço como uma dor que não cabia no coração.

Adiante da casa do velhote, era a de Sabino, em cuja companhia morava Saturnino. Do lado de fora, ao pé da porta da frente, via-se um volume imóvel, no meio de uma poça de sangue, por cima do qual esvoaçava um enxame de moscas. Era o cão de Sabino, que por ser fiel defensor da morada de seu senhor, e ter feito fortes e repetidas investidas sobre os assaltantes, para impedir que entrassem, recebera uma bala, que o deixou por terra, com a cabeça aberta e a língua a nadar sobre sanguinolento escumeiro.

Começou a impressionar-se Lourenço com esta solidão, este deserto cruel em que só se lhe deparavam indícios de atrocidades e carnificinas, de fraqueza e terror.

Tinha já descoberto o oitão da casa grande e ia passar para ela por entre a capela e o pomar, quando um vulto se lhe apresenta do lado dos canaviais. Afirmando a vista, reconheceu Marianinha.