Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/472

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preencher o seu oficio naquele dia. Em uma das mãos tinha ainda um saco, de que marejava sangue.

Lourenço saltou do cavalo abaixo, tirou o saco das mãos do dono que estava ressonando, e abriu-o para ver o que continha. Era a cabeça do cevado de Joaquina, com que o salteador tencionava aumentar o almoço que por eles devia estar esperando, segundo calculava, em casa de Coelho ou de Paes.

Teve então o rapaz a idéia de tomar uma vingança original. Com cordas do seu cavalo suspendeu por baixo dos braços o bandido ao alto da arvore. Ligou um pé ao outro, para que não tivesse meios de passar as pernas no tronco, e desprender os braços, que atou pelos pulsos na altura da cabeça da vitima, porém afastados. Enfim o todo figurava uma crucificação.

Planejava Lourenço queimar vivo o infeliz. Além de ser de seu natural mau, acabava de ver os males trazidos pela horda de que o malfeitor fazia parte, à inofensiva propriedade de pessoas de seu conhecimento e estima. Apanhara-o mesmo com o roubo na mão, praticado na casa a que mais se sentia preso por gratos elos dentre todas as casas das vizinhanças. Enfim, vinha da vila trazendo o coração