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O MATUTO

leira do caminho o cabra que matou o porco de sinha Joaquina? tornou elle.

— Vi, sim. Sabes quem era? Leonardo, sobrinho de Gonçalo Ferreira. Quem foi que lhe fez aquella crueldade? Coitado! Por um pouquinho não morreu.

— Pois eu estava agora mesmo pensando em ir acabar de matar aquelle ladrão, aquelle assassino.

— Quem? Tu, Lourenço?

— Eu mesmo, sim senhor.

— Não digas isto. Estás já um homem e deves pensar melhor. Até onde quererás levar o teu máo natural?

— Mas então eu não devia ter feito o que fiz? O ladrão não botou portas abaixo, não poz fogo nos cannaviaes e nas casas dos outros, não tirou o que não era seu?

— Fez tudo isso, mas tu não és juiz, não és Deus para julgar os homens.

— Eu pensei — replicou o rapaz com ironia — que qualquer homem podia por suas mãos vingar-se de um malfazejo, matar um malvado que tivesse tirado a vida a muita gente.

— Estás enganado. Nem eu te quero para palmatoria ou espada do mundo. Sabes o que fiz quando vi o pobre gemendo e esper-