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O MATUTO.
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neando pendurado sem saber o que fazer para soltar-se? Subi-me ao páo, cortei as cordas e disse a Leonardo que corresse, que fugisse para não cahir no poder dos soldados do ajudante-de-tenente. Foge dessas maldades, Lourenço, foge delias. Deus não hade permittir, por esta hora, em que estou fallando, que pratiques ainda acções como essa. Olha. Eu te quero para bom, e não para máo. Quero-te para servires de arrimo aos teus na velhice. Quero-te para casares com esta pobre menina, que hoje mais do que nunca precisa de quem olhe por ella, e que está morrendo de te querer bem.

E indicou a filha de Victorino.

Lourenço que tivera os olhos postos no chão durante todo o tempo em que Francisco discorria com tão boa moral, levou-os á cova, a Marianinha, ao Crucificado, ao templo — morada de Deus, seja o templo catholico, judaico, chinez ou arabe — e não disse nada.

Marianinha cruzou os delia, ainda rasos de lagrimas, com os do rapaz, e enrubeceu.

Mais córada não se mostra fresca rosa de maio, aljofrada pelo orvalho da madrugada.


FIM DO MATUTO.