Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/52

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de cestos. Logo que estiverem prontos, não há de faltar quem os queira. Os outros, que pendurei da banda de fora, não levaram uma semana a ser vendidos.

— Ora, Marcelina, disse o marido com manifesto pesar. Para que se cansa tanto? Eu quero muito bem a meu cavalo, mas vai um cavalo hoje, virá outro amanhã. Por isso sou de parecer que, em lugar de estar a trabalhar tanto para a casa, veja antes se alguém quer comprar o pedrez. Ele está em boas carnes e pôde achar bom dinheiro.

— Quem? O seu cavalo pedrez? Vende-lo? Não, senhor, que você precisia dele para quando ficar bom. Você mesmo bem sabe que um cavalo não vem assim tão depressa camo está dizendo. Não estamos ainda em ponto de vender o nosso único bem para remir as nossas necessidades, Deus louvado.

— Deus mesmo havia sempre de ajudar-me a comprar outro.

— Mas que necessidade temos nós de nos desfazermos do animalzinho? Só se eu estivesse doida o venderia. Deus me livre.

Não tinha medidas o amor que Francisco votava a Marcelina, exclusiva possuidora do seu coração.