Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/80

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— É mentira sua — retorquiu a negra. Você veio atrás das minhas galinhas, e está agora dizendo estas coisas. E eu que pensava que era a raposa que me estava dando no poleiro.

— Negra do diabo! Gritou Lourenço, cada vez mais zangado e irritado. Eu algum dia trepei no teu poleiro? O que eu sinto é não trazer na mão uma vara para te enfiar pela boca a dentro.

— Acuda cá, Moçambique, acuda cá. Estou às voltas com o ladrão das minhas galinhas — gritou a preta como possessa, e movendo o jagunço contra Lourenço.

Os cães, entretanto, açulados por ela, e autorizados por este novo gesto hostil e agressivo, já mordiam o rapaz pelas pernas como implacáveis inimigos, que de propósito se criam sem cortesia nem benevolência para maior segurança dos lares confiados à sua guarda.

Quando Lourenço sentiu as primeiras dentadas dos terríveis animais, atirou-se desesperado à preta, na intenção de lhe arrancar a arma, de que ele precisava, assim para se defender, como para castigar as ofensas que tanto dela como dos seus companheiros tinha