Página:O missionário.djvu/273

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sacristão tomara para si o desaforo daquelas maquinações atribuídas a ele, Chico Fidêncio, um ateu desrespeitador da religião. Macário estomagava-se contra todo aquele que falava em sair da vila. No entender daquele idiota, não havia nada melhor do que Silves, depois que morrera padre José e viera padre Antônio de Morais.

O sacristão comia bem, bebia bem, andava bem trajado, gozava de consideração crescente e até já ia a bailes para apanhar indigestões de fatias douradas e de chocolate! Ele dispunha das esmolas, ele dirigia o pequeno serviço do culto, ele vendia os repiques e dobres de sinos conforme lhe aprazia, ele arranjava capa-magna para o batizado dos filhos de seus amigos, ele fazia presentes de cera benta, zelava das opas, distribuía a seu talante as lanternas e as varas do pálio nas procissões solenes ou no simples Nosso-pai, e não maltratava pessoa alguma, não prejudicava a ninguém. Havia em Silves missa todas as manhãs, ladainha todas as noites, um bom sermão