Página:O missionário.djvu/373

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de tirar fora a batina, de tomar um grande banho purificador, de nadar atravessando o rio, de ir depois secar-se ao sol sobre algum cedro perdido, e de internar-se então no mato até perder-se no vasto sertão, onde passaria a vida a comer frutos silvestres e a vagabundear pelas campinas, numa orgia de ar e de liberdade.

Era assim na meninice, na fazenda natal do Igarapé-mirim, onde para fugir à presença tristonha e chorosa da mãe e às brutalidades do pai, refugiava-se no campo, nas matas, na solidão do rio, só, sem companheiro, face a face com a natureza. Desse viver ao mesmo tempo ardente e tranqüilo o fora arrancar a solicitude do padrinho, para o meter consigo na galeota de negócio e conduzi-lo ao Pará, obrigando-o a viver entre gente estranha, constrangendo-lhe a índole expansiva, sopitando o ardor do temperamento campônio para reformar as idéias e os sentimentos, adquirir nova concepção do mundo e da vida e formar um ideal novo de espiritualidade e meditação, contra