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Página:O seminarista (1875).djvu/132

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Fulo de raiva, Luciano pegou no chapéu.

— Vou-me embora! - disse bufando - a culpa tenho eu de me meter no meio de gente baixa e sem educação. Adeus, senhora Umbelina!... pode estar certa que Luciano Gaspar de Oliveira Faria e Andrade nunca mais há de cruzar a soleira da porta de sua casa.

— Oh! oh! oh! senhor Luciano! replicou Umbelina com riso de mofa. - É pena que não tivesse essa lembrança há mais tempo. Deus o leve, e permita que nunca se arrependa.

Um coro de aplausos a Umbelina e de apupadas a Luciano acolheu estas palavras, e o rapaz não teve remédio senão ir-se escafedendo com cara de cão que quebrou a panela.

Enquanto rugia toda esta trovoada, Eugênio e Margarida, trêmulos e espavoridos, tinham-se retirado para um canto, cosendo-se à parede da casa postaram-se bem junto à janelinha de balaústres, que tantas vezes tinha ouvido seus suspiros e amorosas falas no mistério da solidão.

Ali encolhidos, com as mãos enlaçadas e bem unidos um ao outro, pareciam duas andorinhas recolhidas à beira do telhado esperando que se amaine a tempestade.