Página:O seminarista (1875).djvu/139

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não tem vergonha de estar aí a chorar como uma criança! vamos com isso; de que é que não tem vontade!

— De ser padre, meu pai.

Estas palavras o estudante as despejou da boca rapidamente, como se fossem brasas que lhe queimavam os lábios.

— Deveras!.. viva isso! muito bem, senhor meu filho! exclamou Antunes com sardônico sorriso. - Então com que não quer ser padre?... e isto sem dúvida porque quer se casar com a Margarida, não é assim, meu filho?

— Meu pai, exclamou o filho com um olhar e um tom de quem pedia compaixão ao desapiedado pai.

— És um tolo ainda, meu pobre filho; não sabes o que é o mundo ainda, e aquela rapariga te anda revirando os miolos.

— Meu pai, não é ela...

— Não me repliques. Estou bem certo que, se não fosse ela, não terias semelhantes caprichos. E pensas tu, que eu hei de consentir que deixes de seguir uma carreira tão bela e tão honrosa, para o que não tenho poupado dinheiro nem cuidados, por amor de uma... miserável?