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Página:O seminarista (1875).djvu/169

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grande pesar em deixá-los; mas a pobre Margarida... essa aí deixava o coração feito em pedaços entre as garras da dor e da saudade. Triste sina era a sua! a sorte desapiedada lhe arrancava até a companhia daqueles sítios queridos, daqueles seres inanimados, que para os outros não tinham valor nem significação alguma, mas que para Margarida tinham uma alma com quem se entendia, uma voz consoladora que com ela conversava mistérios de amor e de saudade.

Quando viu sumirem-se por detrás das colinas a alva casinha, o vargedo, e os últimos topes das figueiras e das duas paineiras, pareceu-lhe que um véu de eterno luto se estendia sobre seu coração, e uma voz lúgubre lhe murmurava dentro da alma: - tudo está acabado!

Assim devia retirar-se Eva, expulsa do paraíso pela espada de fogo do arcanjo vingador, chorosa e a passos lentos, volvendo de quando em quando para o jardim de delícias, que acabava de perder, olhos empanados de lágrimas de indizível angústia. Assim devia retirar-se Eva, sim; porém talvez menos infeliz porque sentia na sua a destra do esposo, que a afagava, e lhe sustinha os passos vacilantes pelas tristonhas e escabrosas sendas do exílio.