Página:O seminarista (1875).djvu/175

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Mas não se pense que Eugênio enlevado em seus atos de devoção e absorvido em seus estudos havia conseguido esquecer-se de Margarida.

Somente o seu amor, purificando-se ao contato da religião de tudo que nele havia de carnal e terreno, tinha tomado as cândidas roupagens de uma afeição angélica e ideal, e o fel amargo da saudade, que lhe afogava o coração, se havia transformado em uma torrente de lágrimas silenciosas e resignadas, que vertia aos pés da Virgem consoladora dos aflitos.

Entre as nuvens do incenso, que embalsamavam o templo, no meio dos anjos de suas visões pairava também a imagem de Margarida, e por entre as piedosas e místicas harmonias, que enchiam as abóbadas sagradas, ouvia-lhe a voz suave e argentina. No retiro solitário de sua cela, quando prostrava-se em oração ante a imagem da Virgem, Margarida estava também ajoelhada ao lado dele como nos tempos de seus brincos de criança, e era ela o anjo, que nas asas de neve e ouro levava as suas preces ao trono do Onipotente.

Essas duas tendências naturais de seu coração terno e entusiasta, pode-se dizer essas duas