Página:O seminarista (1875).djvu/190

Wikisource, a biblioteca livre

mão de mestre uma viva pintura da sedução de Eva tentada pela serpente no paraíso.

— A concupiscência - dizia ele - é a serpente, que destila dos lábios enganosos o veneno que nos dá morte à alma e nos faz perder para sempre as delicias da celeste Jerusalém. Feliz aquele que? como a virgem mártir cujas virtudes hoje a igreja comemora, pode esmagar aos pés a cabeça da serpente maldita, e exclamar triunfante, enquanto ela se estorce moribunda no chão - "Afasta-te, Satanás!..."

Inspirando-se nas páginas ardentes e sublimes do santo de seu nome, exclamava com ele:

"Soldado efeminado, que fazes tu sentado à sombra do lar paterno? tu repousas, e a trombeta divina enche o espaço dos seus clangores! O divino combatente aparece sobre as nuvens; uma espada de dois gumes sai de sua boca. Ele corre, derriba e despedaça; e tu não queres deixar o teu leito pelo campo de batalha, a escuridão em que jazes pelo esplendor do sol! levanta-te! a coragem te dará força."

"Visses embora teu pai, tua mãe ou tua amante atravessada à soleira de tua porta para impedir-te a passagem, passa sem derramar lágrimas;