Página:O seminarista (1875).djvu/192

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incidente de sua infância, Eugênio estremeceu.

Já para ele não havia dúvida: aquele acontecimento era um aviso do céu; aquela serpente fatídica era o demônio; e Margarida, nova Eva por ele seduzida, lhe oferecia o pomo fatal, e o levava ao caminho do exílio e da perdição eterna.

Ajoelhado em oração e debruçado à beira do leito, Eugênio adormeceu, e viu-se em sonho transportado ao meio de um templo magnífico, inundado de esplendores, de perfumes e harmonias. Súbito abriu-se a abóbada do templo, e um coro de anjos, que descia do céu, baixou sobre ele. O anjo que vinha à frente de todos tinha a figura de Margarida, e trazia na mão uma palma. Postando-se diante dele entregou-lhe a palma, e disse-lhe apontando para o altar: - Eis ali o caminho do céu!

Eugênio olhou para o altar e viu que a Virgem, que se achava sobre o trono lhe sorria e acenava chamando-o a si.

Este sonho impressionou-o vivamente. Era uma revelação; a vontade do céu se achava manifestada do modo mais patente e irrefragável. Entendeu