um salutar desengano convencendo-o da inconstância e fragilidade das afeições mundanas, lhe serviria de escarmento eterno contra todas as seduções do espírito das trevas.
— Margarida infiel!... Margarida casada!... - exclamava Eugênio ao entrar no seu quarto, delirante, a arquejar e apertando a cabeça entre as mãos convulsas. - Quem o diria .... pôde tão facilmente esquecer-se de mim para entregar-se a outro.... e eu tantos anos luto em vão para arrancar daqui a imagem dela e entregar-me nos braços de meu Deus!... que vergonha!... que miséria!... À força de jejuns, de penitências, de mortificações tenho quebrantado meu corpo, acabrunhado meu espírito e flagelado meu coração rebelde, e nem assim consegui apagar este fogo que me devora... sim, não consegui nada; era engano meu... agora o vejo... e ela tranqüila e risonha, sem escrúpulo e sem constrangimento algum voa aos braços de outro, e dá-lhe a gozar estas delícias, que eu... louco que eu fui!... estava trocando por um inferno de amarguras e martírios!... Oh, Margarida! Margarida! que fizeste!... ah!... tu eras mesmo a serpente; teus lábios destilavam veneno de morte... era o fogo do inferno que te incendiava os olhos... Com teu amor mostravas-me o paraíso,