Página:O seminarista (1875).djvu/198

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que era a porta do inferno!... com tua traição e falsidade me abres também o inferno nesta e na outra vida! Por toda parte tu és o anjo mau destinado a precipitar-me no abismo das torturas!... mas... que importa!... ah!... se continuasse a querer-me quem... sabe?... que valem sem ti o paraíso e todas as suas delicias?... eu te acompanharia de bom grado pelos ásperos e tenebrosos caminhos do desterro, como Adão acompanhou a sua Eva; suportaria alegre todos os trabalhos e tribulações da vida, se sentisse tua mão enlaçada com a minha, e o teu coração palpitando junto ao meu!... - Mas ah!... meu Deus! eis em que deram tantos anos de luta e sacrifício!... Desprezei um tesouro que possuía, para correr após um bem quimérico, uma sombra vã... e agora aperto os braços, e não encontro nem um nem outro... e acho-me abraçado... com quê? com as chamas do inferno!... Ai de mim!... meu Deus! como eu blasfemo! eu sou um réprobo!...

Eugênio debatia-se em acessos febris entre as garras do ciúme que lhe atassalhava o coração, e o cauterizava com o fogo de sua letal peçonha. Era o último trago amargo e corrosivo da taça das paixões. Seu amor, que até então envolto no casto véu