Página:O seminarista (1875).djvu/246

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mais do que uma deplorável apreensão... O céu não quis que eu fosse seu esposo, o inferno me fez seu... que horror, meu Deus! que abominável sacrilégio!... mas... já agora que hei de eu fazer... caí até o fundo do abismo, donde nunca mais poderei levantar-me. Ah, celibato!... terrível celibato!... ninguém espere afrontar impunemente as leis da natureza! tarde ou cedo elas têm seu complemento indeclinável, e vingam-se cruelmente dos que pretendem subtrair-se ao seu império fatal!...

Apenas o padre tinha acabado de fazer uma breve oração no altar do consistório, quando a ele se dirigiu uma pobre velha e lhe pediu pelo amor de Deus para fazer a encomendação a um cadáver que ia dar à sepultura, e que se achava no corpo da igreja.

O padre ficou transido de horror. Afeito a esse triste espetáculo, Eugênio não era medroso; mas desta vez sem saber por que, sentia um pavor irresistível. Um suor gelado inundava-lhe a testa, e as artérias lhe titilavam nas fontes com dolorosa vibração; mas não podia deixar de cumprir esse piedoso dever para com um morto. Vestiu a sobrepeliz, tomou o ritual e acompanhado do sacristão, que levava na não o hissope, dirigiu-se para o corpo da igreja.