Num pobre caixão sem tampo, pobremente amortalhado inteiriçava-se um corpo de mulher. Dois tocheiros ardiam de um lado e outro à cabeceira do caixão. Um lenço branco cobria o rosto da finada, e sobre o seu peito via-se uma capela de alvas flores, símbolo da virgindade.
O templo estava quase deserto; apenas aqui e ali algumas velhas ajoelhadas murmuravam em voz baixa suas orações.
O sacristão para se dar começo à encomendação, tirou o lenço ao rosto da finada; o padre soltou um grito rouco e sufocado, cambaleou, e teria baqueado em terra, se não deparasse o braço que o sacristão lhe apresentava para escorar-se. A finada era Margarida!
— Que tem, senhor padre? está incomodado? perguntou-lhe o sacristão.
— Não há de ser nada... passei mal a noite, e... não estou ainda acostumado a estas coisas... ia tendo uma vertigem.
O padre limpou o suor gelado, que lhe inundava a fronte, e desempenhou atabalhoadamente, sem saber o que fazia, a sua cruel e fúnebre tarefa.
Chegando ao consistório, depois de ter dito ao sacristão, que os batizados e casamentos se fariam depois da missa, debruçou-se sobre a credência e