Página:O seminarista (1875).djvu/62

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este sacrilégio!... E não me fará o favor de dizer quem é esta Margarida?

— É uma pobre criança, senhor padre, uma menina minha vizinha, e que foi criada junto comigo.

— Ah!... mais essa!... tão criança, e já tinha lá em sua terra dessas relações pecaminosas!... e o senhor seu pai porventura não sabia disso, quando o mandou para cá a fim de o educarmos para padre? é essa a bela vocação, que ele tanto exaltava? que guapo padre, que em vez de estudar e rezar ocupa-se em fazer cartas e versinhos de amores?...

— Mas, senhor padre... eu não mandei a carta nem os versos para a Margarida...

— Porque não pôde... e que importa isso?... bastava pensar em tais coisas para cometer um grande pecado, e Vm. não só pensou, como escreveu. Essas paixões pecaminosas e torpes não se devem aninhar no coração de ninguém, e muito menos no de um menino, que se destina ao estado eclesiástico. Meu amiguinho, se pretende continuar com essas abominações, arranque já do corpo essa batina, deite fora esse barrete que está profanando e vá-se com Deus