Página:O seminarista (1875).djvu/99

Wikisource, a biblioteca livre

de querer obrigar, se eu disser que não quero ser padre.

— Mas eles fazem tanto gosto nisso! coitados! hão de ficar tão aborrecidos, se você não quiser se ordenar.

— Paciência! eles se hão de consolar.

— Pois está dito - disse Margarida depois de um breve instante de silêncio e reflexão. - O nosso antigo juramento está desmanchado. Agora em lugar dele havemos de fazer outro...

— Qual é?...

— É que você sempre, sempre me há de querer bem...

— Isso nem precisa jurar...

— Ande lá!... e que acabados os seus estudos nunca mais há de se apartar de mim.

— Juro!... Juro por esta cruz! - disse com emoção o moço cruzando os dedos sobre a boca.

— E eu juro a mesma coisa - repetiu Margarida fazendo o mesmo sinal.

O anjo dos puros e santos amores sorriu-se àquelas juras, e depois de ter bafejado com os leques de suas asas de ouro e seda aquelas duas frontes juvenis e cândidas, remontou seu vôo para o empíreo, enquanto o austero e sombrio gênio da beatice, que procurava disputar-lhe o coração