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o sertanejo

     — Nicacio ! Não brinque com estas cousas.

     Entretanto Arnaldo seguia adeante sem preocupar-se com os outros. Nesse momento havia parado, com os olhos fitos em uma moita de mimosas, plantas á que o povo dá o nome de malicia de mulher por descobrir no subito fechar das folhas de leve tocadas uma semelhança com as esquivanças das meninas sonsas.

     O arbusto, exposto aos raios do sol, tinha em geral os folíolos abertos ; mas justamente do lado do nascente um olhar atilado notaria certa flacidez dos peciolos, que todavia não bastava ainda para murchar as ramas.

     — Chuva !

     Arnaldo proferiu esta palavra, dirigindo-se á Nicacio que estava á seu lado ; possuido do vivo prazer que a vinda do inverno desperta sempre no homem do sertão, sua alma expandiu-se para dar aos outros as alviçaras dessa alegria.

     — Deus a traga ! disse Nicacio.

     — Esta noite ! tornou o mancebo mostrando ao longe no horizonte um nimbo, tão pequeno, que parecia antes um gavião pairando.

     — Porisso eu vi esta manhã uma formiga de azas ; acodiu o Burity.