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o sertanejo

de longe a fitava. Nesse relance chocaram-se as almas de ambos. À muda interrogação da moça, o ajudante respondera affirmando; e à supplica instante que seguiu-se, oppoz um pallido sorriso, cuja ironia tinha um travo amargo e triste.

     Tranzida de susto por esse sorriso, a môça inclinou-se para sua companheira e murmurou-lhe ao ouvido :

     — Arnaldo !

     — Aonde ? perguntou Flor distrahida.

     — Não ouve ?

     D. Flor applicou o ouvido. Também ella conhecia os módulos frementes daquella voz, que enchia o deserto.

     — E agora  ? continuou Alina palpitante. Se elle vem  ?... O sr. capitão-mór !...

     — Meu pai o castigará, Alina ; e será um beneficio para elle, que está se perdendo. Arnaldo já não é criança ; carece emendar-se.

     Alina retrahiu-se como uma sensitiva. Esperava achar protecção em D. Flor ; e a severidade da donzella, que bem revelava neste incidente a contrariedade de seu humor, a desanimou.

     Nas outras pessoas o aboiar, que se aproximava cada vez mais, não causara a menor impressão,