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o sertanejo

     Apenas se desprendeu dos braços de sua mãi, D. Flor se atirou com effusão á Justa, que esperava essa caricia, como seu foro e juro de segunda mãi. A alentada sertaneja não se contentou com qualquer affago dos que se costumam fazer as moças ; tomou a menina ao collo, e conchegando-a á si como fazia outrora quando a trazia aos peitos, comeu-a de beijos desde as macias tranças dos cabellos até á ponta dos pequeninos pés, calçados de coturnos de setim escarlate.

     — Olhem só, gentes !... como veio bonita !... Está-se rindo, hein !... Teve saudades de sua mamãi ?... Teve !... Teve ?... Não havia de ter !... Por que não voltou logo ?... A gente tanto tempo aqui penando !... Pois agora ha de pagar ! Tome ! Um, dois, tres... cem !... Ah ! cuida que não me hei de desforrar ?

     Tudo isto interrompido por mil carinhos e entremeado dessa ingenua garrulice com que as mãis fallam aos filhinhos de collo, e que elles parecem entender : misteriosa linguagem do mais sublime affecto, formada de arrulhos, de caricias e de ternos balbucios.

     D. Flor deixava-se acariciar ; e cheia de risos, mostrava no semblante o contentamen-