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o sertanejo
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D. Flôr, melhor do que se a tivesse diante dos olhos ; pois não lhe embaciava a sua limpida visão o dislumbre que a presença da gentil donzella causava-lhe sempre, depois de certa epocha.

     A moça caminhava diante delle com o passo airoso e modulado que era della e só della, pois nunca o mancebo vira outra mulher andar assim. Quando elle caçava lá para as bandas da Junça, demorava-se á ver as garças reais passeando pelas margens da lagôa ; porque ellas tinham o pisar altivo e sereno de D. Flôr.

     Vagueava a menina pelo campo, arfando-lhe docemente o talhe gracil com a ondulação da marcha  ; e elle, Arnaldo, a seguia, respirando-a com a aragem que agitava-lhe os folhos do vestido, e que folgava nos crespos dos cabellos castanhos.

     Esses cabellos eram os seus enlevos. Quando a menina sentia-se fatigada, reclinava ao hombro delle, que, então criança como ella, a carregava e sentia as tranças macias e perfumadas cobrirem-lhe o rosto acariciando-o como as azas de um rola.

     Neste ponto de seu meigo sonho, o mancebo inclinava a fronte sobre uma touça da ramagem e roçava timidamente o rosto pelas folhas, ane-