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o sertanejo
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     Arnaldo caminhou para o colosso e erguendo os braços entregou-se áquelle grilhão vivo.

     A fina compleição do talhe foi o que livrou-o de ser logo esmagado no arrocho. Enquanto Moirão, cerrando-o ao peito, buscava estringil-o como as roscas de uma serpente, o mancebo colava-se ao adversario para attenuar a violenta pressão.

     Apenas Aleixo acochou o corpo do outro, suspendeu-o aos ares, como faria com um toro de pita ; porém ao mesmo tempo os dois braços do sertanejo esticaram-se para logo se retrahirem rapidamente, e os punhos, como dois malhos de ferro brandidos por molas rijas, bateram no craneo do minhoto.

     Uma nuvem de sangue cobriu os olhos do colosso que vacillava. Arnaldo amparou-o para que não tombasse e reclinando-o com uma solicitude para estranhar naquella circumstancia, deitou-o de supino sobre a relva.

     Ao cabo de poucos instantes, Moirão tornou do desmaio, mas para cahir no pasmo em que o deixara a primeira luta. Desta vez, porém, estava realmente assombrado. O que lhe acontecera não era cousa desste mundo ; andava ahi uma influencia