Página:O sertanejo (Volume II).djvu/119

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Trouxeste-o à ponta de laço, ou deixaste-o amarrado ao pau, que não é boi para matar-se aquele?

— Tive pena dele, e solteio-o, respondeu Arnaldo com emoção.

— É boa! exclamou João Correia. Pena de um demônio em figura de boi!

— Que ternuras de vaqueiro! acrescentou Daniel Ferro.

— Soltei o Dourado, sr. capitão-mór; porém antes marquei-o com o ferro de D. Flor, como ela tinha-me ordenado, concluiu Arnaldo sem dar ouvido às observações impertinentes.

O capitão-mór exultou:

— Flor, já sabe? O Dourado está com o seu ferro. Não pediu?

— Eu sabia que êle tinha de ser meu, e que Arnaldo é que o havia de amansar, respondeu a donzela sorrindo.

— Mas que prova temos nós disso? volveu Daniel Ferro.

— De quê? perguntou o sertanejo.

— De ter pegado o boi e ferrado.

Arnaldo olhou-o com surpresa:

— A minha palavra, respondeu.