Página:O sertanejo (Volume II).djvu/12

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O capitão-mór ia, como a Agrela e Arnnaldo, vestido à sertaneja, todo de couro, da cabeça aos pés; e empunhava como êles, à guisa de lança, uma aguilhada, que chamam hoje vara de ferrão, e cujo conto apoiava no peito do pé. Trazia também preso ao arção da sela o laço de rêlho trançado.

O trajo do fazendeiro distinguia-se dos outros pela riqueza. Era de uma camurça finíssima, preparada de pele de veado, e toda ela bordada de lavores e debuxos elegantes. A véstia, o gibão e as luvas tinham os botões de ouro cinzelado; e eram do mesmo metal e do mesmo gôsto, o broche que prendia a aba revirada do chapéu, e as fivelas dos calções ou perneiras.

A aguilhada também fazia diferença das outras. A haste cuidadosamente polida, tinha o lustre de um verniz escarlate usado pelos índios. O conto era de prata, como a ponteira, onde engastava o ferrão.

Todavia Arnaldo não trocaria por esta a sua vara de craúba, que êle com a ponta da faca havia nas horas de repouso coberto de toscos desenhos, onde talvez escrevera a história de sua vida. Cada uma daquelas miniaturas era uma cena do grande drama do deserto.