Página:O sertanejo (Volume II).djvu/149

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O sertanejo permanecia imóvel, e sofreu em silêncio, impassível, mas resoluto, a repreensão que provocara.

— Não esqueça o seu lugar, Arnaldo, continuou D. Flor com severidade. A ternura que tenho à sua mãe não fará que eu suporte estas liberdades. A culpa é minha, bem o vejo. Se não lhe desse confianças, tratando-o ainda como camarada de infância, não se atreveria a faltar-me ao respeito. Lembre-se, porém, que já não é um menino malcriado; e sobretudo que eu sou uma senhora.

— Minha senhora?... disse Arnaldo, carregando nessa interrogação com acerba ironia.

— Sua senhora, não, tornou D. Flor com um tom glacial; não o sou; mas também, a-pesar-de nos termos criado juntos, não sou sua igual.

Arnaldo ajoelhou-se de novo como para oferecer a espádua à moça; e disse-lhe provocando-a com o olhar.

— Se a ofendí, castigue-me; não tem na mão um chicote?

— Não, e arrependom-me de meu primeiro movimento. Mas, se outra vez esquecer-se do respeito